Segundo Roberta, esse mal não é tão freqüente na sociedade: em 12 anos de profissão, ela atendeu apenas três casos. A identificação da doença psíquica é difícil, pois os sintomas variam caso a caso: algumas pessoas ficam apáticas e outras, agitadas demais. No geral, os sintomas básicos são estresse, estafa, alta irritabilidade ou crises de choro, falta de paciência e indisposição para o trabalho. 'A pessoa começa a somatizar as tensões para o corpo e começa a desencadear doenças físicas, as mais comuns são dores na coluna e na cabeça e o aumento de pressão', acrescenta.Pressã
Em vez de sair do emprego, ela decidiu buscar ajuda. Paula percebeu que começava a sentir a pressão arterial baixa, pontadas no estômago, nervosismo e apreensão quando se dirigia para falar com o chefe. 'É frustrante para o profissional não conseguir cumprir o seu papel na empresa', justifica. Ela começou a tomar remédio para controlar a ansiedade e a fazer psicoterapia para contornar o problema. 'Eu nunca tinha passado isso em 10 anos de profissão', afirma.
Porém, temendo ser demitida, ela continua até hoje fazendo o tratamento em segredo, sem se afastar do trabalho. 'A cultura da empresa privada é complicada. Se eu disse que estou em crise vão me demitir. A empresa não quer saber se o profissional adoeceu lá dentro, ela quer saber do profissional produtivo', relata ela, que precisa manter o emprego para sustentar a família. 'É uma angústia grande, porque as pessoas não acreditam no que não podem ver', conclui.
A psicóloga ressalta que a doença psíquica é muito séria e, normalmente, requer que o trabalhador seja afastado para tratamento multiprofissional, com acompanhamento médico, psicológico e psiquiátrico. A especialista observa que o principal entrave para o tratamento dos trabalhadores doentes ainda é a falta de compreensão dos empregadores, que dificultam o afastamento, apesar desse custo ser bancado pelo Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). Ela não descarta a possibilidade do tratamento 'se arrastar por anos', dependendo da pessoa.
O que atentar
Conheça os sintomas básicos da doença psíquica ocupacional:
- Estresse
- Estafa
- Alta irritabilidade ou crises de choro
- Falta de paciência para realizar tarefas
- Indisposição ou apatia para o trabalho
Mulheres são as maiores vítimas
Cerca de 10 casos de doenças psíquicas adquiridas no trabalho são denunciados por mês na Delegacia Regional do Trabalho do Pará (DRT). O médico do trabalho Hilmar Tadeu Ferreira, chefe substituto do Setor de Segurança e Saúde do Trabalhador da DRT, afirma que a incidência de doenças psíquicas é maior entre as mulheres, sobretudo as casadas e mães de família, que todos os dias enfrentam a dupla jornada de trabalho (em casa e no emprego). Segundo ele, o sexo feminino representa cerca de 60% dos trabalhadores com distúrbios emocionais.
Ele relata que as síndromes depressivas são muito comuns no mundo atual, sendo ocasionados por um conjunto de fatores, como a violência urbana, o assédio moral no trabalho, a excessiva jornada de trabalho e a exigência de cumprimento de metas no emprego - o que leva o trabalhador a sofrer constantes pressões de seus superiores. 'As doenças de fundo emocional, nesses casos, são uma reação do organismo ao ritmo de trabalho agitado', esclarece.
O médico destaca a necessidade de tratamento das doenças psíquicas o mais rápido possível, a fim de obter a cura e prevenir que acabem por instalar uma doença definitiva, com destaque aos males cardio-circulató
Todas as denúncias recebidas no plantão daquele setor são apuradas pela equipe de fiscalização, sendo que, no interior do Estado, esse trabalho depende das fiscalizações planejadas devido à carência de médicos do trabalho (existem apenas um em Santarém e seis em Belém). Na visita às empresas, os fiscais ouvem o médico da empresa, que é responsável pelo Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, cabendo a ele constatar alteração física ou emocional do trabalhador e encaminhar para tratamento ou, se necessário, para o afastamento - nesse caso, o trabalhador entra de licença de saúde e passa a receber o benefício do INSS. 'A empresa não pode se recusar a liberar o empregado (para tratamento médico) sob pena de ser notificado e pagar multa que varia de R$ 2 mil a R$ 4 mil', informa.
Fonte: O Liberal