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sábado, 9 de janeiro de 2010

Solventes e inalantes

Solventes são substâncias capazes de dissolver coisas. Via de regra todo solvente é uma substância altamente volátil, isto é, que se evapora facilmente, daí é que pode ser inalada (introduzida no organismo através da aspiração, pelo nariz ou boca). Outra característica da maioria dos solventes é a de serem inflamáveis, isto é, pegam fogo facilmente.

Solventes e inalantes são a mesma coisa?

Normalmente as pessoas falam de solventes e inalantes como sendo sinônimos, porém nem todo solvente pode ser inalado. Por exemplo, a água é um solvente, entretanto não pode ser inalada, pois é pouco volátil (não se evapora facilmente) portanto não é um inalante.

O que é um inalante?

Inalante é um solvente com características de ser uma substância facilmente volátil e que pode ser inalada, isto é, pode ser introduzida no organismo através da aspiração pelo nariz ou boca.

Por que as pessoas usam os solvente?

Não existe uma resposta única para esta pergunta, como aliás acontece para o uso de todas as drogas. Ao que parece os meninos de rua usam solventes para abrandar a difícil realidade que enfrentam. Outros afirmam que usam solventes para sentirem novas sensações psíquicas (ter um "barato").

Quem são as pessoas que mais usam os solventes?

Os adolescentes são as pessoas que mais usam este tipo de drogas. Os solventes são as drogas mais consumidas entre os meninos de rua e estudantes da rede pública de ensino. Ao contrário do que se imaginava os uso de solventes não é característica exclusiva das camadas sociais mais pobres.

É fácil conseguir solventes?

Existe um número enorme de produtos comerciais fabricados à base de solventes. Entre eles estão os esmaltes, tintas, thinners, propelentes, gasolina, querosene, removedores, vernizes, cola de sapateiro, corretor de escrita ("branquinho"), éter, acetona, benzina, lança – perfume, cheirinho da loló, etc.

O que é o lança-perfume?

É um solvente à base de cloreto de etila, que vem em tubos metálicos ou de vidro e é usado em carnavais. No Brasil o lança – perfume é proibido e só entra através do tráfico de drogas. Muitas vezes o lança – perfume é confundido com o cheirinho da loló.

O que é o cheirinho da loló?

O cheirinho da loló é também conhecido como loló ou apenas cheirinho.

É um preparado clandestino (fabricado ilegalmente), à base de éter mais clorofórmio e usado apenas para fins de abuso. Sabe-se que esses "fabricantes" quando não encontram uma daquelas substâncias eles a substituem por qualquer outro solvente; portanto há muita confusão quanto a composição do cheirinho da loló o que complica quando se tem um caso de intoxicação aguda por esta mistura.

Quais são os efeitos de solventes na mente (efeitos psíquicos agudos)?

Após a inalação de um solvente a pessoa sente inicialmente uma estimulação que é seguida por uma depressão, sendo este efeito o mais importante. Mas pode também ter sensações estranhas, chegando até a alucinações.

É verdade que quem usa solventes tem alucinações?

Pode ocorrer alucinações entre aqueles que estão sob efeito do solvente. As alucinações podem ser tanto auditivas (ouvir sons que na realidade não estão presentes) e visuais (ver coisas inexistentes, por exemplo fantasmas, bichos, estrelinhas, etc).

Como é a excitação causada pelos solventes?

A pessoa fica eufórica, agitada, com tonturas e perturbações auditivas e visuais. Pode aparecer também náuseas, espirros, tosse, salivação intensa e o rosto fica vermelho.

Como é a depressão que os solventes provocam?

Após a excitação inicial que o solvente provoca sobrevêm a depressão do cérebro e a pessoa vai ficando confusa, desorientada, voz meio pastosa, visão embaçada, dor de cabeça e palidez. Essa depressão tende a piorar se a pessoa continuar inalando o solvente, sobrevindo sonolência intensa, incoordenação motora podendo aparecer convulsões ("ataques") e em algumas intoxicações muito severas o solvente leva ao coma e a morte.

A inalação crônica de solventes traz problemas de saúde?

A inalação crônica de solventes, seja proposital como aquela involuntária, traz problemas sérios à saúde. Por exemplo trabalhadores de indústrias de sapatos ou de oficinas de pintura se não usarem equipamentos de proteção estarão fazendo uso crônico involuntariamente de solventes.

A inalação crônica pode levar a morte de neurônios (células do cérebro), causando lesões irreversíveis do cérebro. Além disso a pessoa que usa cronicamente solventes fica apática, com dificuldades de concentração e déficit de memória.

O uso de solventes prejudica apenas o cérebro?

Não. Sabe-se que o uso crônico de alguns solventes causam lesões no fígado, rins e degenerações progressivas de nervos periféricos como os da perna, levando a transtornos no andar, podendo chegar à paralisia. Além disso o solvente torna o músculo cardíaco (o coração) muito sensível a uma substância que aparece normalmente no sangue, quando a pessoa exerce um esforço extra como por exemplo correr ou quando toma um susto. Essa substância é a adrenalina. Assim, se uma pessoa inala um solvente e logo depois faz esforço físico, o seu coração pode sofrer danos, pois ele estará muito sensível à adrenalina liberada por causa do esforço. A literatura médica já descreveu vários casos de morte, por síncope cardíaca, principalmente ! de adolescentes.

É verdade que os solventes tiram a fome?

Na realidade os solventes por serem potentes depressores do Sistema Nervoso Central, mascaram a vontade de comer, assim com as demais funções fisiológicas, mas não se pode dizer que seja uma droga anorexígena (que reduz o apetite).

O uso de solventes provoca dependência?

Sim. A dependência naqueles que abusam cronicamente de solventes é comum. A síndrome de abstinência (reações do organismo quando a pessoa deixa de usar o solvente), está presente na interrupção abrupta do uso dessas drogas, aparecendo ansiedade agitação, tremores, câimbras nas pernas e insônia.

Os solventes provocam tolerância?

A tolerância (a droga perde o efeito e é preciso aumentar a quantidade do solvente para voltar sentir os mesmos efeitos) ocorre ao fim de 1 a 2 meses de uso dependendo da pessoa e do tipo de solvente usado.

O que acontece se alguém for surpreendido cheirando ou sob o efeito de solventes?

Mesmo sendo uma droga considerada legal, você será classificado um usuário e será levado a tratamento compulsório (independentemente da sua vontade em querer ou não se tratar). É uma droga legal, porém o uso com fins de abuso é ilegal (proibido).

E se alguém for apanhado vendendo solvente na rua?

Será considerado um traficante.

E se alguém estiver apenas levando o solvente para usar junto com os amigos?

Será considerado traficante, do mesmo jeito como se estivesse vendendo.

Uma pessoa pode ser presa se for considerada traficante?

Sim, se tiver mais que 18 anos de idade. Caso contrário será encaminhada à Fundação do Bem Estar do Menor (FEBEM).

ASMA OCUPACIONAL

A asma ocupacional é um distúrbio respiratório diretamente relacionado à inalação de fumaças, gases, vapores ou poeiras, no ambiente de trabalho. Devido a essa exposição, pode-se desenvolver uma asma pela primeira vez em um trabalhador sadio, ou pode haver um agravamento de uma asma pré-existente. Os sintomas da asma incluem chiados no peito (sibilos), falta de ar e tosse. Outros sintomas podem ser hiper-secreção nasal, nariz entupido e irritação nos olhos. A causa pode ser alérgica ou não. Um sintoma importante da exposição ocupacional é que a doença pode persistir por um longo período em alguns trabalhadores, mesmo que não estejam mais se expondo aos irritantes a causaram. Vários trabalhadores com sintomas persistentes de asma já foram incorretamente diagnosticados como tendo bronquite crônica.

É bom lembrar que pessoas que vivam em áreas residenciais próximas a essas fábricas estão também frequentemente expostas a estas exalações e podem sofrer os mesmos problemas

Em muitos casos, uma história familiar prévia de alergia deixará a pessoa mais predisposta a sofrer de asma ocupacional. No entanto, muitos que não possuem essa história vão desenvolver a doença se expostos a condições que a desencadeiem. Os fumantes têm maior risco de desenvolver asma ocupacional pela exposição a certos fatores. O período de exposição ocupacional que desencadeia a asma varia de meses a anos, até que surjam os primeiros sintomas.


Prevalência

A asma ocupacional se tornou a doença pulmonar (relacionada ao trabalho) mais prevalente nos países desenvolvidos. No entanto, a proporção exata de novos casos diagnosticados com asma devida a exposição ocupacional, em adultos, é desconhecida. Os pesquisadores estimam que 15% de todos os casos de asma em homens no Japão resultam da exposição a vapores, poeiras, gases e fumaças industriais. Até 15% dos casos de asma nos EUA podem ter origens no ambiente de trabalho.

A incidência de asma ocupacional varia de acordo com o tipo de indústria. Por exemplo, na indústria de detergentes, a inalação de uma determinada enzima usada para produzir sabão em pó levou ao desenvolvimento de sintomas respiratórios em cerca de 25% dos trabalhadores expostos. Na indústria gráfica, 25-50% dos empregados experimentam sintomas respiratórios devidos a "gum acacia", usada na impressão a cores para a separação de folhas impressas, evitando manchas. Os isocianatos são substâncias químicas que são amplamente usadas em várias indústrias, incluindo a pintura por "sprays", instalação de isolantes, e na manufatura de plásticos, borracha e isopor. Eles podem determinar a asma em até 10% dos trabalhadores expostos.


Causas

A asma ocupacional pode ser causada por irritantes diretos, desencadeantes alérgicos e fatores farmacológicos.

Os irritantes que provocam asma ocupacional incluem o ácido hidroclórico, o dióxido de enxofre ou a amônia, nas indústrias química ou petroquímica. Esses episódios de asma geralmente ocorrem logo após a exposição à substância, e uma sensibilização alérgica não está envolvida. Os trabalhadores que já têm asma ou outro problema respiratório são particularmente afetados por esse tipo de exposição.

Os fatores alérgicos participam em vários casos de asma ocupacional. Este tipo de asma frequentemente requer um longo período de exposição à substância antes que a sensibilização alérgica ocorra. Alguns exemplos desse tipo de asma ocupacional de cunho alérgico são a exposição às enzimasda bactéria "bacillus subtilis" na indústria de sabão em pó, a exposição a grãos de café verde, mamona e papaína na indústria de processamento de alimentos. Outras formas alérgicas de asma ocupacional podem ocorrer nos trabalhadores das indústrias de plásticos, borracha e resinas, após a exposição a pequenas moléculas de substâncias químicas no ar. Além disso, veterinários, pescadores e pessoal de laboratório que lidam com animais podem desenvolver reações alérgicas a proteínas animais. Membros da equipe de saúde podem desenvolver asma a partir de proteínas sob forma de aerosol provenientes de luvas de látex ou pela manipulação de medicações em forma de pó.

Alguns fatores farmacológicos incluem a inalação de pó ou líquido. Estas substâncias não levam a uma sensibilização alérgica, mas levam diretamente a uma liberação de substâncias (que normalmente já existem), como a histamina, para dentro do pulmão, o que por sua vez determinará asma.


Prevenção

Uma vez a causa sendo identificada, os níveis de exposição devem ser reduzidos (o trabalhador pode ser transferido para outra atividade na mesma fábrica, por exemplo).

Os empregadores poderiam considerar fazer uma triagem preliminar de potenciais empregados através de provas de função pulmonar e, depois, continuar a testá-los após períodos determinados na atividade, uma vez tendo sido contratados.

Os locais de trabalho deveriam ser cuidadosamente monitorados para que a exposição a substâncias causadoras de asma fossem mantidas nos menores níveis possíveis.

Em alguns casos poderia ser útil que um alergista propusesse um pré-tratamento com medicações específicas que combateriam certos efeitos dessas substâncias.

AGENTES QUE COMUMENTE CAUSAM ASMA ACUPACIONAL

Agente

Trabalhadores sob Risco

Acilato

Manipuladores de adesivos

Aminas

Soldadores, manipuladores de goma-laca e verniz

Anidridos

Usuários de plásticos e resinas de epoxi

Alergenos derivados de animais

Pessoas que lidam com animais

Cereais

Padeiros, moleiros

Cloramina-T

Faxineiros, pessoal de limpeza

Drogas

Trabalhadores farmacêuticos, profissionais da saúde

Corantes

Trabalhadores da indústria têxtil

Enzimas

Usuários de detergentes, trabalhadores farmacêuticos, padeiros

Formaldeído, glutaradeído

Pessoal de hospital

Gomas e resinas

Fabricantes de tapetes, trabalhadores farmacêuticos

Isocianatos

Pintores de "spray", instaladores de isolamento, fabricantes de plásticos, borracha e espuma de borracha

Látex

Profissionais de saúde

Metais

Soldadores, refinadores

Persulfato

Cabeleireiros

Frutos do mar

Processadores de frutos do mar

Pó de madeira (serragem)

Carpinteiros, marceneiros, trabalhadores em florestas

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Quase um terço dos acidentes nos EUA ligados à aviação são de para-quedistas

Mais de mil pessoas são hospitalizadas todos os anos nos Estados Unidos devido a lesões relacionadas à aviação, e apenas um décimo delas são passageiros de aeronaves comerciais.

Pesquisadores analisaram dados de 2000 até 2005, compilando informações sobre colisões, acidentes com pára-quedas, lesões de trabalhadores da área de manutenção de aeroportos e lesões de passageiros em solo, entre outros.

O relatório, que aparece na edição de dezembro da Aviation, Space, and Environmental Medicine, usa um grupo de bases de dados de saúde administrado pelo projeto de custo e utilização de serviços de saúde do governo americano.

Apenas 10,6% das pessoas hospitalizadas estavam viajando em aeronaves comerciais. Mais de 32% sofreram lesões em aviões particulares, e quase 10% em planadores ou asa-delta. Saltar do avião é realmente perigoso: 28,9% das pessoas que sofreram lesões eram para-quedistas.

Mais de 28% de todas as lesões ocorreram nos membros inferiores. Enquanto apenas 2,5% dos pacientes apresentaram queimaduras, eles responderam por 17% das mortes após a hospitalização.

Falta de informação

O serviço militar estabeleceu eficazes sistemas de vigilância para monitorar as lesões na aviação, mas os pesquisadores afirmam que as fontes de informação sobre lesões não-militares não são tão completas.

Nem o Comitê Nacional de Segurança do Transporte nem a Administração Federal de Aviação coletam informações completas sobre todos os passageiros que sofreram lesões. Susan P. Baker, a principal autora do estudo, acredita que isso é um problema.

"Acho que fazemos bom uso de uma fonte de dados valiosa", disse Baker, "mas as informações ideais sobre as lesões viriam do CNST, para que elas pudessem ser relacionadas aos dados sobre as aeronaves e as circunstâncias dos acidentes".

Baker, professora de política e administração da saúde da Johns Hopkins, disse que, embora a categoria mais ampla de lesões e mortes sempre tenha sido aviões particulares, "me surpreendeu que tantos pára-quedistas estejam entre os que sofreram lesões".

"Houve quase tantas lesões envolvendo pára-quedistas quanto as que ocorreram na aviação civil", disse ela.

Fonte: New York Times

92% terão bônus no seguro sobre acidente de trabalho

A partir de janeiro, entram em vigor novas as regras do Fator Acidentário de Prevenção (FAP) que será usado no cálculo da contribuição paga pelas empresas para o Seguro de Acidente de Trabalho (SAT). A empresa que apresentar redução de acidentes de trabalho e investimento na área pode ter desconto de até 50% e a que tiver grande número de acidentes pagará um adicional até 75%.

Levantamento do Ministério da Previdência Social aponta que 952.561 empresas terão de contribuir com o seguro em 2010. Desse total, 92% terão bônus com a aplicação do FAP e 7,62% pagarão acréscimo. As alíquotas pagas são de 1%, 2% ou 3%, conforme o risco de acidentes da atividade, e incidem sobre a folha salarial. As 3,3 milhões de empresas do Simples estão isentas.

Segundo o diretor do Departamento de Políticas de Saúde e Segurança Ocupacional do ministério, Remigio Todeschini, as normas anteriores não fixavam diferenciação de pagamento e nem benefícios para quem investe em segurança no trabalho. As novas regras têm o objetivo de estimular a prevenção. O fator acidentário será calculado anualmente com o intuito de verificar quais empresas investiram e estão aptas ao bônus.

Todeschini alerta que as despesas com acidentes e condições inadequadas de trabalho chegam a R$ 50 bilhões por ano, cerca de 1,8% do Produto Interno Bruto (PIB) - soma de todas as riquezas produzidas no país. Nesse cálculo está incluso o pagamento de benefícios e de aposentadoria especial.

Nos últimos três anos, os acidentes de trabalho cresceram aproximadamente 46,4%. Em 2006, foram contabilizados 512 mil acidentes e os casos de doenças no trabalho subiram, em 2008, para quase 750 mil. A explicação para o aumento, segundo Todeschini, é o próprio crescimento econômico do país sem a adoção de medidas de segurança pelo empresariado.

Os setores econômicos com os piores índices são alimentação, construção civil, têxtil, automobilístico, comércio, serviços, transporte de cargas, agricultura e armazenamento - eles respondem por mais de 50% dos acidentes no país. Os cortes em mãos e pés lideram o ranking de acidentes. Em segundo lugar, aparecem movimentos excessivos e esforço repetitivo, seguido pelos transtornos mentais e de comportamento.

Fonte: Agência Brasil, de Brasília 04/01/2010 - Valor

A necessidade da auditoria no SESMT

A auditoria no Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho – SESMT é tão necessária quanto a sua instalação. Enquanto a ausência do SESMT ocasiona o esvaziamento das evidências necessárias para a defesa da organização nas possíveis demandas judiciais, sua presença irregular poderá gerar evidências contrárias ou insuficientes para o sucesso processual.

A exigência de instalação e funcionamento de SESMT encontra-se na NR-04 do Ministério do Trabalho e Emprego e sua constituição depende do grau de risco e do número de funcionários de empresas que admitam empregados em regime celetista.

É comum encontrar Gestores de Empresas possuidoras das Certificações de Segurança e Saúde Ocupacional que acreditam não haver necessidade de auditar o seu SESMT, considerando serem as certificações suficientes para o perfeito funcionamento desse setor.

Porém, podemos facilmente perceber realidades bem diferentes. Levando-se em conta que as auditorias para renovação ou implantação das certificações focam unicamente no funcionamento do sistema, sem muita preocupação com ações efetivas para a preservação da saúde e da integridade física dos trabalhadores, objeto da norma, o SESMT foca diretamente sobre o trabalhador. Na prática, as certificações são vistas mais como um item de competitividade do que como Ferramenta de Segurança e Saúde Ocupacional.

Organizações bem estruturadas, detentoras das Certificações de Qualidade, Meio Ambiente, Segurança e Saúde Ocupacional (ISO, OHSAS, etc), continuam apresentando resultados de perdas auditivas, notificações de órgãos públicos competentes, monitoramentos biológicos indicativos de exposições ocupacionais a agentes nocivos, etc

A auditoria documental e por amostragem das certificadoras de nada adianta se as normas de Segurança e Saúde no Trabalho forem “mascaradas”, como geralmente ocorre, em detrimento da importância da obtenção da certificação no contexto empresarial.

Para melhor ilustração, registro algumas observações realizadas durante visitas empresariais que tive a oportunidade de participar: Numa conceituada empresa, cujo Chefe do SESMT gabava-se todo o tempo das cobiçadas certificações que eram ostentadas nas paredes do parque fabril, pude observar a ineficiência de um Equipamento de Proteção Coletiva (EPC).

O EPC era constituído por uma coifa dotada por dispositivo exaustor para captação dos vapores orgânicos gerados por uma máquina de impressão. Examinando o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e o resultado citado no Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) do trabalhador, observei a conclusão de “EPC Eficaz” e de “Atividade Salubre e Não Especial – código 00 ou 01”, controverso ao resultado dos exames médicos dos ácidos hipúrico e metil hipúrico que eram indicativos de uma exposição acima dos limites biológicos permitidos. Ocorrência essa, ocasionada pelo esquecimento da via cutânea, porta de entrada principal do agente nocivo manipulado, que no caso consistia nos hidrocarbonetos aromáticos, solventes base das tintas utilizadas na máquina.

Noutras empresas de igual teor, também não foi difícil perceber divergências gritantes entre a filosofia da norma e a realidade dos trabalhadores, como por exemplo, ausência de refeições na empresa, obrigando os trabalhadores a fazerem uso de bolachas e biscoitos como refeição principal, trabalhadores que se arriscavam no trânsito à margem de BR, por serem obrigados a prática de ciclismo noturno pós-jornada de trabalho, devido a falta de transporte, desencadeamento ou agravamento de perdas auditivas registradas sucessivamente nos audiogramas sem qualquer ação para correção da irregularidade, etc

A implementação das ferramentas destinadas às certificações devem ser elaboradas em conjunto com o SESMT, observando suas necessidades, competências, autoridade e viabilidade para execução das ações propostas. Caso contrário, as ferramentas implantadas servirão apenas para ocupar o SESMT na vã tarefa de inventar estórias e preencher formulários.

A auditoria do SESMT deverá levar em consideração:

a) A abrangência das ações propostas e a necessidade de revisão e criação de procedimentos, formulários, programas, planos de ação, etc;

b) A eficácia das ações executadas, considerando como ponto principal a proteção do trabalhador (se há vazamento de algum agente nocivo para o organismo do trabalhador e qual seu potencial);

c) A necessidade de geração e execução de novas ações preventivas de ordem administrativas, organizacionais, coletivas e individuais;

d) A eficácia das evidências geradas frente às diversas demandas judiciais (se a documentação gerada é suficiente para a defesa da empresa no meio jurídico);

e) O cumprimento (ou a pretensão de cumprimento) total da legislação pertinente.

Organizações preocupadas apenas em gerar evidências com fins únicos de manter suas certificações não conseguem mantê-las por muito tempo. Isso se deve ao fato de haver disparidades entre o pensamento jurídico e o empresarial. De fato, basta um reclamante ganhar um processo por insalubridade para que seja derrubado todo o investimento realizado.

Continuo na defesa da tese de que o fracasso processual na área de Segurança e Saúde Ocupacional deve-se sempre ao fator “ausência” das ações e das evidências eficazes, necessárias a compilação da defesa. Advogados e Assistentes Técnicos nada podem fazer diante da negligencia da empresa representada pelo seu SESMT ou seus Consultores.

Portanto, a geração de ferramentas e de evidências necessárias, suficientes, abrangentes, legais, executáveis, indicativas e auditáveis certamente culminará no sucesso do Sistema de Gestão de Segurança e Saúde ocupacional (SGSSO) da organização.

Fonte: http://www.qualidadebrasil.com.br/ler.php?pag=ler_artigo&id=601

DESLIZAMENTO


Conheça o desastre

Fenômeno provocado pelo escorregamento de materiais sólidos, como solos, rochas, vegetação e/ou material de construção ao longo de terrenos inclinados, denominados de “encostas”, “pendentes” ou “escarpas”.

Os deslizamentos em encostas e morros urbanos vêm ocorrendo com uma freqüência alarmante nestes últimos anos, devido ao crescimento desordenado das cidades, com a ocupação de novas áreas de risco, principalmente pela população mais carente.

Há que considerar três fatores de influência na ocorrência dos deslizamentos:

Tipo de solo - sua constituição, granulometria e nível de coesão;

Declividade da encosta - cujo grau define o ângulo de repouso, em função do peso das camadas, da granulometria e nível de coesão;

Água de embebição - que contribui para aumentar o peso específico das camadas; reduzir o nível de coesão e o atrito, responsáveis pela consistência do solo, e lubrificar as superfícies de deslizamento.

A época de ocorrência dos deslizamentos coincide com o período das chuvas, intensas e prolongadas, visto que as águas escoadas e infiltradas vão desestabilizar as encostas.

Nos morros, os terrenos são sempre inclinados e, quando a água entra na terra, pode acontecer um deslizamento e destruir as casas que estão embaixo.

Os escorregamentos em áreas de encostas ocupadas costumam ocorrer em taludes de corte, aterros e taludes naturais agravados pela ocupação e ação humana.

A distribuição geográfica de escorregamentos no Brasil vem afetando mais os Estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco.

Danos

Os deslizamentos são responsáveis por inúmeras vítimas fatais e grandes prejuízos materiais.

Perguntas freqüentes.

1 - O que dizer a promessas para recebimento de lotes em morros?

Não se deixe enganar por promessas fáceis e ilusórias para obter um lote ou uma casa em morros ou áreas de risco. Os riscos de desastres são muito altos.

Não desmate morro e encostas para assentamento de casas e outras construções.

2 - O que devo fazer ao verificar os riscos de deslizamento de um morro ou encosta?

Avise aos seus vizinhos sobre o perigo, no caso de casas construídas em áreas de risco de deslizamento. Avise, também, imediatamente ao Corpo de Bombeiros e à Defesa Civil.

Convença as pessoas que moram nas áreas de risco a saírem de casa durante as chuvas;

Você pode fazer junto com a sua comunidade um plano de evacuação.

3 - O que é um plano de evacuação?

Se você está morando numa área de risco, tenha com sua vizinhança um plano de evacuação com um sistema de alarme. É um plano que permite salvar a sua vida e de seus vizinhos. Caso a localidade onde você mora ainda não tem esse plano,
converse com o Prefeito e o Coordenador de Defesa Civil.

4 - Quais são os sinais que indicam que pode ocorrer um deslizamento?

Se você observar o aparecimento de fendas, depressões no terreno, rachaduras nas paredes das casas, inclinação de tronco de árvores, de postes e o surgimento de minas d’água, avise imediatamente a Defesa Civil;

5 - O que posso fazer para evitar um deslizamento?

Não destrua a vegetação das encostas;

Você pode consertar vazamentos o mais rápido possível e não deixar a água escorrendo pelo chão. O ideal é construir canaletas.

Junte o lixo em depósitos para o dia da coleta e não deixá-lo entulhado no morro.

Não amontoe sujeira e lixo em lugares inclinados porque eles entopem a saída de água e desestabilizam os terrenos provocando deslizamentos.

Não jogue lixo em vias públicas ou barreiras, pois ele aumenta o peso e o perigo de deslizamento. Jogue o lixo e entulho em latas ou cestos apropriados.

Não dificulte o caminho das águas de chuva com lixo por exemplo.

As barreiras em morros devem ser protegidas por drenagem de calhas e canaletas
para escoamento da água da chuva;

Não faça cortes nos terrenos de encostas sem licença da Prefeitura, para evitar o agravamento da declividade.

Solicite a Defesa Civil, em caso de morros e encostas, a colocação de lonas plásticas nas barreiras.

As barreiras devem ser protegidas com vegetação que tenham raízes compridas, gramas e capins que sustentam mais a terra.

Em morros e encostas, não plante bananeiras e outras plantas de raízes curtas, porque as raízes dessas árvores não fixam o solo e aumentam os riscos de deslizamentos;

Pode-se plantar para que a terra não seja carregada pela água da chuva. Perto das casas: pequenas fruteiras, plantas medicinais e de jardim, tais como: goiaba, pitanga, carambola, laranja, limão, pinha, acerola, urucum, jasmim, rosa, pata-de-vaca, hortelã, cidreira, boldo e capim santo. Nas encostas pode-se plantar: capim braquiária, capim gordura, capim-de-burro, capim sândalo, capim gengibre, grama germuda, capim chorão, grama pé-de-galinha, grama forquilha e grama batatais. A vegetação irá proteger as encostas.

Em morros e encostas não plante mamão, fruta-pão, jambo, coco, banana, jaca e árvores grandes, pois acumulam água no solo e provocam quedas de barreiras.

6 - O que fazer quando ocorrer um deslizamento?

Se você observar um princípio de deslizamento, avise imediatamente a Defesa Civil do seu Município e o Corpo de Bombeiros, bem como o máximo de pessoas que residem na área do deslizamento;

Afaste-se e colabore para que curiosos mantenham-se afastados do local do deslizamento, poderá haver novos deslizamentos;

7 - Posso ajudar os bombeiros?

- Somente se solicitado, caso contrário, vários equipamentos e pessoas especializadas em salvamento precisarão do local desimpedido;

Não se arrisque sem necessidade, não entre no local do deslizamento, somente pessoas especializadas em salvamento podem entrar;

Não permita que crianças e parentes entrem no local do deslizamento;

Não conteste as orientações do Corpo de Bombeiros