Abertura de poços para prospecção geológica exige medidas de controle rigorosas “Espaço confinado aplicado aos trabalhos de prospecção Geológica em mineração”, de autoria de Raul Roberto Alle Bezerra, Coordenador de Segurança e Saúde Ocupacional da MMX Corumbá Mineração, trata da segurança em espaços confinados, voltados aos serviços de prospecção geológica em mineração, por meio de pesquisa bibliográfica e de melhorias implantadas, desde o processo de compra até a implantação da mineradora, localizada no município de Corumbá (MS). “Nesse aspecto, é importante conhecer os riscos inerentes aos trabalhos desenvolvidos em espaço confinado e, também, quais as medidas de controle que devem ser aplicadas para que as atividades sejam executadas de forma segura, preservando a integridade das pessoas. Este artigo foi desenvolvido com base nas Normas Regulamentadoras (NR’s) 22 e 33, Segurança e Saúde Ocupacional em Mineração e Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados, respectivamente” , explica o autor.
A prospecção geológica é o alicerce fundamental de qualquer empresa de mineração. É através dela que são mensurados seus ativos financeiros básicos, ou seja, seus recursos e reservas minerais. Consiste em um modelamento físicoquímico e de disposição espacial da sub-superfície, através de métodos indiretos (geofísica) e métodos diretos (sondagem mecanizada, poços e trincheiras) , que permitem a mensuração quanto à qualidade e quantidade de certo bem mineral. Até o presente momento cerca de 80% da prospecção geológica na mineradora foi baseada em escavação de poços de pesquisa:
O geólogo, mediante de mapeamento geológico prévio, determina a abertura de uma malha de pesquisa, que consiste na marcação através de levantamento topográfico dos pontos a serem escavados. A equipe terceirizada, composta por três pessoas, executa escavação manual respeitando o limite operacional de 5 m de profundidade com abertura de 1,5m x 1,5m. O geólogo descreve a geologia das paredes do poço e determina o intervalo amostral, caso necessário. A equipe técnica desenvolve a amostragem, na parede norte (amostragem por canaleta) e transporta o material com auxílio de terceiros até um laboratório físico, cerca de 30 volumes de 20 kg cada, por poço de pesquisa.
O laboratório físico estima a porcentagem das frações granulométricas do material, trata e envia para análise química em laboratório contratado.
Concomitante a essas etapas são desenvolvidas determinações de densidade e um método geofísico que estima a possança e espessura do material avaliado. O geólogo recebe os resultados físico-químicos e compila-os juntamente com as informações geológicas dos poços e formula correlações físico-químicas e também um banco de dados padrão. Esse banco dados dá subsídios para que seja desenvolvido, em software específico, o modelamento geológico, que mensura os recursos e reservas do prospecto em estudo.
“Seguido estes passos, é que temos condições de avaliar a viabilidade, ou não, de aquisição de uma jazida mineral, no caso, de minério de ferro”, explica o autor, que detalha no trabalho toda a metodologia necessária para a escavação dos poços e a realização do trabalho em um espaço confinado, incluindo treinamento dos funcionários e sinalização do local, entre outros aspectos.
“Como a cidade de Corumbá é conhecida pelo calor que faz, adotamos como forma de evitar a desidratação excessiva, a ingestão, pelo período da manhã e a tarde, de um repositor hidroeletrolí tico.
Constatamos que após a adoção desta medida houve um aumento na produtividade e na satisfação por parte dos colaboradores” , informa o autor.
Gerenciamento de riscos
Segundo o autor, ter um Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), no caso de mineração, ou um Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) bem elaborado é um fator considerável na identificação e monitoramento dos riscos aos quais os colaboradores estarão expostos. Com os riscos identificados e mensurados, é possível dimensionar quais são os EPI’s necessários para a execução das atividades.
O PGR ou PPRA deve ser encaminhado para o Médico do Trabalho da empresa para que seja elaborado o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), no qual devem estar previstos quais os exames complementares, em função dos riscos das atividades, que o colaborador deve realizar, de forma a garantir que esteja apto para a realização dos serviços.
“Gozar de boa forma física não é o suficiente para o colaborador desempenhe suas atividades em espaço confinado. Devem ter o ensino fundamental completo, como requisito de grau de instrução, e estar preparado psicologicamente para a realização deste tipo de serviço. Os treinamentos de segurança são fundamentais para que o colaborador conheça todos os riscos aos quais estará exposto, e as medidas de controle adotadas para que as atividades sejam realizadas de forma segura. O conhecimento prévio da tarefa, bem como o preenchimento bem feito da Análise Preliminar de Riscos – APR e da Permissão de Entrada e Trabalho – PTE são de grande valia na prevenção de acidentes”, destaca.Bezerra explica que como os tipos de acidentes esperados e suas conseqüências serão identificados na fase de antecipação e análise de risco, devem ser previstos os procedimentos e recursos para resgate, primeiros socorros e remoção das possíveis vítimas, como cortes e sangramentos, contusões simples e fraturas, sufocações, picadas de animais peçonhentos, etc.
Além das ocorrências esperadas devem ser avaliados os locais prováveis destas ocorrências. É necessário prever a seqüência do resgate, aplicação dos primeiros socorros e a remoção para o ambulatório da empresa ou para unidade de atendimento externo.