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sexta-feira, 4 de setembro de 2009

A fadiga das leis do trabalho.

Um dos temas mais fascinantes do 15º Congresso Mundial de Relações do Trabalho, realizado em Sydney na semana passada, foi o da busca de meios de proteção para as novas formas de trabalhar.


Embora o emprego por prazo indeterminado continue sendo a forma mais utilizada, multiplicam-se as atividades até há pouco tempo consideradas atípicas e que hoje viraram típicas de tão frequentes que se tornaram. Assim é o caso do trabalho temporário, intermitente, casual, por tarefa, realizado a distância, mediante acordos tácitos ou contratos padronizados e que, muitas vezes, seguem mais as características das profissões do que as do trabalho.


Ao lado dessa diversificação se acentua a predominância das idéias nas atividades humanas e que podem ser transportadas de um trabalho para outro, ao arrepio das regras de propriedade intelectual e dos segredos industriais. Os que realizam esse trabalho detêm mais poder do que os donos dos empreendimentos.


Neste novo mundo, há gente que trabalha em horários regulares e outros que seguem turnos intermitentes, sem falar nos que definem a sua própria rotina, o local e o horário de trabalhar.


Com tantas variações, como aplicar as fórmulas homogêneas de proteção que foram desenhadas para atividades realizadas de forma regular, rotineira e previsível? O direito do trabalho entrou em crise.


A situação é ainda mais complexa porque o mundo não é povoado apenas por essas formas sofisticadas de trabalhar. Persiste nos países mais pobres uma avassaladora quantidade de pessoas que, apesar de trabalharem de forma relativamente convencional, não dispõem de proteções. No Brasil a informalidade atinge 50% da força de trabalho; na Índia, 85%; e em muitos países da África, 90%. Uma calamidade.


Aqui, também o direito do trabalho é impotente para proteger atividades em que, com frequência, os empregadores são tão vulneráveis quanto os empregados, além de um enorme segmento que é formado por pessoas que, involuntariamente, trabalham por conta própria e de forma errática.


O desafio se torna intransponível quando se tenta regular tais situações com mecanismos que requerem a estabilidade das relações empregatícias convencionais. O tema é realmente difícil. Não se trata de simplesmente criticar ou abandonar a regulação atual, mas, sim, de buscar novas formas de proteção para trabalhos atípicos que se tornaram típicos.


O Brasil deu um importante primeiro passo com a lei do microempreendedor individual, que garante proteções parciais aos trabalhadores de baixa renda que vivem de atividades autônomas.


Em Sydney, a citação despertou o interesse de vários congressistas. Entre eles, foi enfática a recomendação de buscar na realidade desses grupos as formas mais adequadas de proteção.


Mesmo no caso dos bolsões de pobreza do mercado informal, há de se reconhecer que, apesar de todos os riscos e da alta vulnerabilidade ali existentes, os grupos humanos encontram reguladores mínimos que garantem a sobrevivência e, porque não dizer, o seu próprio progresso. Mesmo vivendo em situação de extrema precariedade nos campos da habitação, do saneamento, da segurança individual, do trabalho e da renda, as pessoas definem pactos não formais que asseguram um mínimo de respeito mútuo.


Por isso, em lugar de relatar resultados da imposição de regras de proteção de cima para baixo, os participantes do congresso mostraram haver mais sucesso quando se investe em aperfeiçoamento das regras existentes. Muito lembrados foram as lições de Hernando de Soto e o trabalho dos antropólogos sociais que sempre enxergam, no meio de um aparente caos, os mecanismos de sustentação dos grupos sociais.


O que fazer daqui para a frente? Depois de ter equacionado de forma bastante razoável as condições de proteção dos pobres que trabalham por conta própria, sobrou para o Brasil a tarefa de buscar uma regulação realista - de baixo para cima - para os que trabalham como empregados no mundo da informalidade: um Simples Trabalhista. E de igual importância será a geração de uma regulação realista para o trabalho terceirizado. Um desafio e tanto.


Mas assim é a vida das leis do trabalho. Umas mais, outras menos, elas também sofrem fadiga. Quando isso ocorre, não há como impor as leis existentes, mas, sim, procurar outras e em novas bases.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Empresas que reduzirem acidentes de trabalho vão gastar menos com seguro.

Os empresários terão, em outubro, acesso ao Fator Acidentário de Prevenção (FAP) calculado com nova metodologia que considera perícias médicas e obedece a levantamentos estatísticos mais abrangentes.
O FAP vai, a partir do mês de janeiro, premiar as empresas que têm menor ocorrência de acidentes e doenças profissionais. Dessa maneira, elas poderão se beneficiar de uma redução na contribuição ao Seguro Acidente de Trabalho (SAT), de 1%, 2% e 3% sobre a folha de pagamento. Por outro lado, as empresas que oferecem mais risco ao trabalhador vão pagar mais.
O diretor do Departamento de Políticas de Saúde e Segurança Ocupacional do Ministério da Previdência, Remígio Todeschini, revela que, em 2010, além da nova metodologia do FAP, vai haver um período de transição para o novo regime. Durante todo o ano que vem, as empresas que receberem carga maior na alíquota do SAT terão um desconto de 25%.
Na situação oposta, as empresas que reduziram o risco de acidente ou doença no trabalho no período que vai de abril de 2007 a dezembro de 2008, terão bonificação integral já em 2010. "Negociamos bastante com representantes das empresas e eles ficaram muito mais satisfeitos", afirma Todeschini.
O diretor ainda explicou que a nova metodologia do FAP vai punir a empresa que tiver ocorrência de óbito ou invalidez permanente. Nesses casos, ela perderá o bônus de 25% em 2010.
A exceção, de acordo com as normas que estão sendo preparadas, é para quem provar que investiu em medidas de segurança e saúde do trabalhador com o devido acompanhamento do sindicato da categoria.
Também não terão direito ao bônus de 25% as empresas que tiverem rotatividade de mão de obra acima de 75%. Nessa hipótese, a exceção fica para quem provar que obedeceu às normas preventivas em saídas voluntárias dos empregados ou quando há término de obra.
Todeschini explica que o governo procurou aperfeiçoar a metodologia do FAP, porque a fórmula original enfrentou muita contestação por parte das empresas. Ele reconhece que o sistema anterior permitia distorções que elevavam ou reduziam exageradamente as variações do FAP.
A base estatística antes observada, 250 mil casos, foi ampliada para 600 mil ocorrências, considerando comunicações de acidente de trabalho (CAT) e aplicação do Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário (NTEP), se confirmado por perícias médicas.
Em 2010, o SAT, já aplicado o desconto de 25%, vai levar as alíquotas máximas a 1,75% (risco leve), 3,5% (risco médio) e 5,25% (risco grave). As alíquotas mínimas serão, respectivamente, 0,5%, 1% e 1,5%. De 2011 em diante, os três tetos chegam a 2%, 4% e 6%.
O diretor informa que a previsão do Ministério da Previdência para 2009 é gastar R$ 12,9 bilhões com o pagamento de benefícios acidentários e aposentadorias especiais. Ele diz que o Seguro Acidente de Trabalho é deficitário, porque, em 2008, arrecadou apenas R$ 7,4 bilhões.
A DataPrev e a Receita Federal estão preparando a base de dados que vai permitir às empresas consultarem, em outubro, seu FAP. O acesso será individual, respeitando a criação de subclasses a partir da lista da Classificação Nacional de Atividades Econômicas.


Fonte: Valor Econômico, por Arnaldo Galvão, 31.08.2009

Fora de controle, incêndio na Califórnia deixa dois bombeiros mortos

Um incêndio florestal ao norte de Los Angeles, na Califórnia, está fora de controle e já causou a morte de dois bombeiros, anunciaram as autoridades. Outras três pessoas ficaram feridas.

Os bombeiros morreram em um acidente de trânsito quando o veículo deles saiu da estrada na cidade de Acton --uma das atingidas pelas chamas-- e bateu.
Dan Steinberg-30ago.09/AP

Avião lança água sobre as chamas de incêndio florestal na Califórnia; ao menos dois bombeiros morreram neste domingo

O governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, visitou a região afetada e determinou a retirada das famílias de 4.000 residências.
O incêndio, ao longo de uma área densamente povoada 30 quilômetros ao norte de Los Angeles, ainda é considerado fora de controle.
O incêndio quase dobrou de tamanho da noite para o dia e já queimou 14 mil hectares de arbustos secos nas montanhas de cinco cidades, numa extensão de 16 km entre La Crescenta e Pasadena, disse o Corpo de Bombeiros da Califórnia. Cerca de 10 mil casas estão sob ordem de evacuação.
"Estes incêndios ainda estão totalmente fora de controle", disse Schwarzenegger aos repórteres no posto dos bombeiros em Lakeview Terrace. "São enormes e muito perigosos, e estão chegando muito perto da casas e estruturas."
Até agora três casas afastadas foram destruídas e cerca de dez mil lares e 2.500 construções estão em perigo, como Mount Wilson, local que concentra instalações de comunicações essenciais, incluindo torres de transmissão de rádios e TVs.
Somente 5% do incêndio que começou na quarta-feira perto da comunidade exclusiva de La Canada Flintridge está contido, mas os bombeiros podem se beneficiar de temperaturas ligeiramente mais baixas neste domingo, pouco abaixo de 37 graus Celsius.
A causa dos incêndios está sendo investigada.

Fonte: France Presse e Reuters

domingo, 30 de agosto de 2009

QUE SÃO E COMO TRATAR AS DOENÇAS OCUPACIONAIS

As doenças ocupacionais são decorrentes da exposição do trabalhador aos riscos da atividade que desenvolve. Podem causar afastamentos temporários, repetitivos e até definitivos. A maior incidência destas doenças ocorre na faixa dos 30 aos 40 anos, prejudicando a produtividade do trabalhador e podendo interromper sua carreira e desestabilizar a sua vida. As doenças ocupacionais são causadas ou agravadas por determinadas atividades.

O importante é a prevenção!

Ela pode evitar que tanto os tralhadores como os empresários se prejudiquem com as consequências das doenças ocupacionais. A recuperação pode ser demorada e cara.


AS POSSÍVEIS CAUSAS DO PROBLEMA
- agentes físicos (ruído, temperatura, vibrações e radiações)
- agentes químicos (utilizados nas indústrias, podem causar danos à saúde)
- agentes biológicos (microorganismos como bactérias, vírus e fungos)


COMO DIAGNOSTICAR O PROBLEMA
Exame físico, ocupacional e complementares, conforme critérios médicos.


AS DOENÇAS OCUPACIONAIS MAIS COMUNS
São:

Doenças das vias aéreas
Alguns exemplos são as pneumoconioses causadas pela poeira da sílica (silicose) e do asbesto (asbestose), além da asma ocupacional. Substâncias agressivas inaladas no ambiente de trabalho se depositam nos pulmões, provocando falta de ar, tosse, chiadeira no peito, espirros e lacrimejamento.

Perda auditiva relacionada ao trabalho (PAIR)
Diminuição gradual da audição decorrente da exposição contínua a níveis elevados de ruídos. Além da perda auditiva, outra alterações importantes podem prejudicar a qualidade de vida do trabalhador.

Intoxicações exógenas
Podem ser causadas por:
- agrotóxicos: os pesticidas (defensivos agrícolas) provocam grandes danos à saúde e ao meio ambiente
- chumbo (saturnismo): a exposição contínua ao chumbo, presente em fundições e refinarias, provoca, a longo prazo, um tipo de intoxicação que varia de intensidade de acordo com as condições do ambiente (umidade e ventilação), tempo de exposição e fatores individuais (idade e condições físicas)
- mercúrio (hidrargirismo): o contato com a substância se dá por meio da inalação, absorção cutânea ou via oral da substância; ocorre com trabalhadores que lidam com extração do mineral ou fabricação de tintas
- solventes orgânicos (benzenismo): por serem tóxicos e agressivos, podem contaminar trabalhadores de refinarias de petróleo e indústrias de transformação


LER E DORT - LESÃO PPR ESFORÇO REPETITIVO/DISTÚRBIO OSTEOMUSCULAR RELACIONADO AO TRABALHO
Conjunto de doenças que atingem principalmente os músculos, tendões e nervos. O problema é decorrente do trabalho com movimentos repetitivos, esforço excessivo, má postura e estresse, entre outros.


DERMATOSES OCUPACIONAIS
Também conhecidas como dermatites de contato, são alterações da pele e das mucosas causadas, mantidas ou agravadas, direta ou indiretamente, por determinadas atividades profissionais. São provocadas por agentes químicos e podem ocasionar irritação ou até mesmo alergia.

O estresse e o excesso de trabalho podem variar desde mudanças no humor, ansiedade, irritabilidade e descontrole emocional até doenças psíquicas. Geralmente, o estresse é causado por sobrecarga de tarefas e ausência de pausas para descanso e exercícios físicos. Ativar os músculos com exercícios diários, mesmo os de relaxamento, é um bom começo para se livrar do estresse. Durante os exercícios, inspire o ar pelo nariz e solte pela boca, sentindo o oxigênio descer e o gás carbônico subir.


A AJUDA DA ERGONOMIA
Ciência que estuda as relações entre o homem, seu trabalho, equipamentos e meio ambiente, a Ergonomia previne o surgimento de doenças ocupacionais durante o processo de produção de atividades. O objetivo é a adaptação do posto de trabalho, instrumentos, máquinas, horários e meio ambiente às exigências da função.
Ela facilita o desenvolvimento e o rendimento das atividades de trabalho.

Mas como adaptar a ergonomia ao ambiente de trabalho?

Todos devem aprender a identificar os sinais do próprio corpo para perceber o início de qualquer desconforto, procurando, assim, adaptar as técnicas da ergonomia ao seu local de trabalho.

Sintomas mais comuns, e que requerem a procura por um médico:

- cansaço excessivo
- desconforto após a jornada de trabalho
- inchaço
- formigamento dos pés e das mãos
- sensação de choque nas mãos
- dor nas mãos
- perda dos movimentos da mão

Cuide de sua qualidade de vida, procurando manter um melhor equlíbrio entre corpo e mente. Faça exercícios físicos pelo menos quatro vezes por semana, tenha uma dieta balanceada e saudável e procure formas de lazer alternativas, que amenizem o estresse do dia-a-dia.


COMO PREVENIR AS DOENÇAS OCUPACIONAIS


Conforto é essencial para a prevenção.

As operações de trabalho devem estar ao alcance das mãos.

As máquinas devem se posicionar de forma que a pessoa não tenha que se curvar ou torcer o tronco para pegar ou utilizar ferramentas com frequência.

A mesa deve estar posicionada de acordo com a altura de cada pessoa e ter espaço para a movimentação das pernas.

As cadeiras devem ter altura para que haja apoio dos pés, formato anatômico para o quadril e encosto ajustável.

Pausas durante a realização das tarefas permite um alívio para os músculos mais ativos.

Durante estas pausas, se levante e caminhe um pouco. Se possível, faça exercícios de alongamento.
Artigo: Elisabete Fernandes Almeida