Campanha nacional visa concientizar médicos e pacientes sobre o problema
Ellen Cristie |
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Várias complicações acometem os pés de portadores |
mas apenas 10 milhões conhecem o diagnóstico
Uma campanha que se inicia agora e deve ser permanente pretende alertar os portadores de diabetes sobre os riscos do descontrole da doença.
O principal foco do projeto, organizado pela
Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia
– Regional Minas Gerais – ,
é o pé diabético, termo usado para o conjunto de lesões e complicações que atingem os pés de pessoas portadoras de diabetes.
Segundo o ortopedista
Benjamim Dutra Macedo,
especialista em pé e tornozelo e coordenador da Campanha de Prevenção do Pé Diabético da entidade,
o objetivo da campanha não é somente informar a população,
mas também conscientizar os médicos
e profissionais da área de saúde.
“Falta conscientizaçã o por parte dos pacientes e dos médicos.
A avaliação deve ser constante, supervisionada por equipes treinadas.
Por falta de informação ou de oportunidade,
muitos pacientes só procuram assistência médica
quando as lesões já estão em estágio avançado
e a amputação torna-se inevitável.”
O especialista, responsável pelo
Grupo de Pé e Tornozelo do Hospital Felício Rocho,
ressalta que o pé, por ser um membro distal,
ou seja, estar mais distante da cabeça,
sofre o impacto do peso do corpo.
Entre os principais problemas do pé diabético
está o fato de que muitos pacientes
não mantêm controlados os índices glicêmicos,
que devem ser inferiores a 120 miligramas por decilitro.
“É grande a chance de lesões nos nervos periféricos,
tanto no que se refere à sensibilidade quanto à parte motora
(dos movimentos).
Além de o diabético já ter predisposição à obstrução das artérias,
que pode ser parcial ou completa,
o paciente que não segue o tratamento corre o risco
de apresentar atrofias musculares nos pés, mãos e pernas.
“Essas atrofias podem provocar a queda da arquitetura dos pés.
Com isso, os dedos começam a se encolher, com posterior desenvolvimento de úlceras.
Se não forem tratadas, as lesões tornam-se maiores,
causando osteomielite (infecção no osso),
com subseqüente quadro de gangrena,
o que leva à amputação”, explica.
RISCOS
Embora tentem preservar ao máximo os membros,
é comum a amputação de dedos, pés e pernas.
Casos não tratados podem levar à morte.
Benjamim destaca que o paciente
deve ser monitorado a cada seis meses ou a cada ano
para que o médico possa identificar a incidência de úlceras,
cãibra, dormência, entre outros sintomas.
Para a detecção da doença,
são feitos exames de curva glicêmica,
além da observação de fatores desencadeantes,
como obesidade (em alguns),
perda de peso (em outros),
hereditariedade, sonolência, excesso de urina etc.
“É essencial também uma equipe multidisciplinar qualificada, formada por ortopedistas com especialização em cirurgia do pé, podóloga, nutricionista, fisioterapeut
a, endocrinologista, angiologista, psicólogo
e cirurgião plástico”,
completa.
Níveis de glicemia
Ideal: até 120 miligramas por decilitro
Sintomas
• Perda de sensibilidade
• Cãibra, dormência ou formigamento (especialmente à noite)
• Excesso de urina
• Sonolência
• Perda de peso
Seqüelas
• Lesão dos nervos periféricos
• Deficiência dos movimentos
• Predisposição ao entupimento de artérias
• Desenvolvimento de úlceras (feridas)
• Atrofia de músculos e tendões (falta de tonacidade)
• Encolhimento dos dedos
• Osteomielite (infecção no osso)
• Gangrena (destruição de parte dos dedos ou do pé)
• Fraturas espontâneas
• Amputação
Prevenção
A principal medida para evitar o pé diabético
é manter o controle da glicemia,
sempre abaixo de 130 miligramas por decilitro.
Outras medidas são:
dieta saudável e cuidado extremo com os pés:
•
Não cortar as unhas com tesoura curva ou alicate;
a tesoura deve ser reta e usada sempre depois do banho.
•
Não retirar a cutícula dos dedos
•
Manter os pés sempre hidratados
•
Não andar descalço
•
Não usar chinelos de dedo
•
Fazer auto-exame sempre depois do banho
para verificar a incidência de rachaduras