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domingo, 1 de julho de 2007

Motoristas mal educados; trânsito assassino

Quando um avião cai e pessoas morrem ficamos tristes, chocados, com sensação de impotência e chamamos o acontecimento de desastre, tragédia! Mas quando a coisa é aqui em baixo, ou seja, nas nossas ruas, avenidas e estradas, as percepções são bem diferentes.

Se alguém se fere ou morre no trânsito, chamamos de acidente. Uma visão equivocada, no mínimo! O dicionário assinala como acidente: acontecimento fortuito; percalço. Segundo as estatísticas do Ministério da Saúde da Saúde e Polícia Rodoviária Federal (PRF), 90% das ocorrências de trânsito são causadas por imperícia ou imprudência. Apenas 4% se devem a problemas mecânicos e 6% a outras causas, como buracos, por exemplo.

Porque, então, denominamos de acidente, uma coisa provocada pelas pessoas? Imprudência e imperícia têm conseqüências que não podem ser tratadas como mero acaso, ou seja, "acidente". A sociedade parece estar anestesiada em relação à violência do trânsito. Uma mudança de consciência precisa acontecer.

O Detran de Mato Grosso criou o Programa de Educação de Trânsito nas Escolas (PETE). O programa consiste em apoio pedagógico para ações educativas em trânsito e capacitação de educadores. É um programa de educação continuada que vai nortear as ações do Departamento, neste sentido, nos próximos anos. O trabalho está sendo implantado em 11 escolas da Grande Cuiabá de forma experimental. A idéia é transformar o projeto em lei estadual e ampliar para as demais escolas de Mato Grosso. O Detran também implantará nos próximos meses o sistema de biometria. Uma forma de fiscalizar melhor as auto-escolas. Será uma espécie de cartão de ponto eletrônico para instrutores e aprendizes.

Mas isso não é tudo. Aliado à educação e melhor formação de condutores, investir em formas de controle e punição de motoristas infratores é essencial. Em artigo recente defendi a implantação de radares em Cuiabá e continuo defendendo. Temos o exemplo de outras capitais, como Salvador (BA), que reduziu drasticamente os índices de mortes no trânsito depois da implantação.

Na Inglaterra, com milhares de radares espalhados pelas vias (sem que os motoristas saibam a localização exata deles), o número de mortes por acidentes de trânsito é de apenas 100 por ano. No Brasil são 35 mil mortes, e os poucos radares existentes devem ter placas avisando da presença, o que os torna inócuos muitas vezes, como mostrou recentemente uma reportagem do Jornal Nacional. A sociedade precisa pensar, estudar e entender porque tantas tragédias acontecem. Precisa aprender a evitá-las ou, pelo menos, diminuí-las.

No caso da implantação ou não de radares em Cuiabá a decisão cabe, exclusivamente, à prefeitura. Nós [Detran] apoiaremos toda e qualquer medida tomada no sentido de ajudar a equacionar o problema. Temos um código moderno e com leis claras, mas estamos no limite. A questão é: o queremos nas ruas, motoristas e pedestres educados e segurança ou um trânsito assassino?

Teodoro Moreira Lopes é presidente do Detran-MT

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