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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Ruídos, doenças e morte

Belo Horizonte está entre as cidades mais barulhentas do país, e o problema se agrava a cada dia. Ruas e avenidas ganham motos e carros numa progressão geométrica. Em dez anos, a frota cresceu 67%, passando de 623 mil veículos para mais de 1 milhão na capital. As consequências desses números podem ir muito além de um trânsito carregado e falta de vagas para estacionar, atingindo de forma perigosa a saúde, podendo levar uma pessoa do estresse ao infarto.

Vale lembrar que o ruído causado pelo trânsito na cidade, em constante evolução, ainda é acrescido de outros barulhos de indústrias, bares, oficinas, construções, alto falantes em lojas e serviços de publicidade volantes, entre outros. São necessárias regras para o exercício dessas atividades ou o ordenamento do plano diretor de forma a garantir uma vida tolerável em sociedade.

Para se ter uma ideia, o índice máximo de poluição sonora permitido pela legislação municipal, também considerado ideal para o ser humano pela Organização Mundial de Saúde (OMS), é até 55 decibéis. Contudo, durante medições que realizamos, por exemplo, chegamos a picos de 90 decibéis na avenida Antônio Carlos, entre 8h30 e 9h da manhã.

Fato é que quem fica muito tempo exposto a barulho excessivo pode sofrer distúrbios graves. Níveis de ruídos acima do estabelecido pela OMS podem provocar estresse leve, excitante, causando dependência e levando a durável desconforto. Já a partir de 65 decibéis, provoca estresse degradativo do organismo e pode levar a um desequilíbrio bioquímico, com risco de infarto, derrame cerebral, infecções e osteoporose, entre outros. Chegando a 80 decibéis, o organismo libera morfinas biológicas no corpo, provocando prazer e completando o quadro de dependência. Quando alguém fala que só consegue dormir com a televisão ligada não é frescura, mas um sinal de que já está condicionado a uma exposição contínua ao barulho. Uma hora de exposição a cem decibéis é considerada suficiente para provocar danos irreversíveis à audição.

Os efeitos dos ruídos podem ser ainda mais prejudiciais à saúde quando estamos dormindo. Níveis a partir de 35 decibéis são considerados suficientes para tornar nosso sono superficial. A 75 decibéis, temos uma perda de 70% dos estágios profundos, que são restauradores orgânicos e cerebrais.

Há também perdas econômicas, que vão desde os custos com medidas paliativas das consequências do ruído na saúde humana até a desvalorização de imóveis em função da presença excessiva de ruído.

Na prática, o barulho em excesso pode atrapalhar toda a nossa vida, com alteração de humor e outros problemas. A exposição contínua pode comprometer funções intelectuais, a memória, o aprendizado e, tudo isso, em casos extremos, ainda pode levar à morte, por exemplo, por infarto.

O redirecionamento e a criação de novas rotas de acesso podem aliviar o fluxo do tráfego e reduzir a poluição sonora em determinados pontos, mas acabam levando o problema para outras regiões da cidade, onde, antes, os níveis estavam dentro de parâmetros aceitáveis.

Estudos sobre os cuidados de impacto ambiental sonoro devem ser realizados. Só assim será possível controlar os níveis de ruído na capital.

Fonte: http://www.otempo.com.br/otempo/noticias/?IdEdicao=1542&IdCanal=2&IdSubCanal=

&IdNoticia=131506&IdTipoNoticia=1

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