O contato com líquidos quentes, fontes de calor e choques elétricos devem ser evitados. É fundamental criar condições para que os pequenos fiquem longo do perigo (Foto: KID JÚNIOR)
O que é ´proibido´ aumenta a curiosidade da criança, potencializando a posibibilidade de acidentes (Foto: DENISE MUSTAFA)
A maior parte dos acidentes, principalmente com crianças, acontece no ambiente doméstico
Uma tomada sem proteção, o cabo da panela virado para fora do fogão, materiais inflamáveis perto do fogo e crianças brincando na cozinha representam grandes riscos. Atitudes simples podem fazer a diferença e evitar acidentes domésticos, principalmente com crianças, pontua o cirurgião plástico e chefe do Centro de Tratamento de Queimados do Instituto José Frota (IJF) Paulo Régis Teixeira.
O contato com líquidos aquecidos (água, mingau, sopa, chá e chuveiro quente) seguido pelas superfícies aquecidas (cano de moto), choque elétrico e acidentes com álcool líquido estão entre as principais causas de acidentes que resultam em queimaduras. ´No ano de 2002, quando a Anvisa baixou portaria obrigando o uso do álcool em gel, houve uma redução de 40% no número de acidentes no Ceará. Em 2003, os fabricantes entraram com uma liminar que derrubou essa obrigatoriedade; e o número de acidentes voltou a crescer´, lembra o médico.
Cuidado redobrado
Nesse mês de junho, a preocupação em evitar esse tipo de acidente deve ser redobrada, já que as festas juninas são comemoradas com o uso de fogos de artifício e fogueiras. ´O número de queimados por fogos nos meses de junho e dezembro, oscila de 15 a 20 casos. Nos outros meses são atendidos de 1 a 2 pessoas pelo uso dos fogos. No entanto, tivemos uma redução considerável nos últimos três anos´, explica Paulo Régis Teixeira.
O cirurgião plástico e presidente do Instituto de Apoio ao Queimado (IAQ) Edmar Maciel é taxativo sobre a forma mais segura de se evitar queimaduras nesta época do ano, ou seja, não usar os fogos de artifício. Segundo ele, ´os acidentes provenientes dos fogos de artifício aumentam em 5% o atendimento ambulatorial´ .
Dados da Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ) mostram que, neste período do ano, as crianças são sempre as maiores vítimas. As principais causas para essa incidência são: o mau uso de materiais inflamáveis e explosivos (fogos de artifício e balões), e brincadeiras perto das fogueiras. ´Comprar os fogos em lojas cadastradas, seguir as recomendações do fabricante, evitar utilizar os fogos quando alcoolizado e afastar as pessoas do local quando for fazer uso do objeto são cuidados que podem evitar possíveis acidentes´, diz o chefe do CTQ.
Além da curiosidade típica da idade, a Ong Criança Segura afirma que alguns fatores contribuem para que os pequenos se tornem alvos mais frágeis e suscetíveis a esse tipo de acidente, como a pele mais fina.
Qualidade de vida
Segundo o Ministério da Saúde, em 2006, 366 crianças morreram e mais de 16 mil foram hospitalizadas vítimas de queimaduras, no Brasil. São diversas e graves as consequências causadas pelas queimaduras, principalmente no caso da população infantil.
Danos físicos, emocionais, financeiros e sociais permanentes são somente alguns exemplos. Além de ser fundamental o queimado receber o tratamento adequado é preciso também se preocupar com a sua qualidade de vida a partir das novas condições impostas pela série de limitações.
O Dr. Paulo Régis explica que a saúde do paciente classificado como grande queimado se assemelha a um deficiente físico, pois necessita de cuidados especiais. ´No CTQ procuramos reintegrar o paciente ao convívio social. Ele recebe atendimento de diversos especialistas: fisioterapeutas, psicólogas e terapeutas ocupacionais´ .
Dor, problemas físicos, emocionais e estéticos são algumas das consequências que uma queimadura - seja de primeiro, segundo ou terceiro grau - pode trazer ao indivíduo. O acidente é considerado a quarta causa de morte e de hospitalização de crianças até 14 anos.
Segundo dados do CTQ, somente em 2008, foram mais de 3.700 mil novos casos de queimaduras. Consequentemente esse fato gerou mais de 12 mil curativos ambulatoriais, além de 677 internações, 778 cirurgias e 24 óbitos.
De acordo com o cirurgião plástico Paulo Régis, 40% dos casos citados acima são de crianças de 0 a 12 anos. ´Nossa média de atendimento no IJF é de 4 mil novos casos por ano. Desse número cerca de 50% poderiam ser evitados, já que acontecem no ambiente domiciliar´, enfatiza o especialista.
Além do CTQ, o Ceará conta também com o Instituto de Apoio ao Queimado (IAQ), fundado em 2006 por uma equipe multidisciplinar e com o objetivo de promover a assistência ao queimado após a alta hospitalar. Esse mês foi inaugurada a sua nova sede, onde será dada continuidade as atividades, tais como atendimento gratuito para vítimas de queimaduras; distribuição de malhas compressivas, cremes hidratantes e fotoprotetores; oficinas de humanização; mutirões de atendimento; distribuição de cartilhas e panfletos e a realização de campanhas preventivas.
Alguns procedimentos são importantes ao sofrer uma queimadura, independente da gravidade do acidente. ´O primeiro passo é resfriar a lesão com bastante água, em seguida colocar um pano sobre o membro afetado e ir rapidamente para o hospital. Não se deve colocar nenhum produto em cima da lesão sem prescrição médica´, alerta o Dr. Paulo Régis.
PROTEÇÃO
Manter as crianças longe da cozinha e do fogão, principalmente durante o preparo das refeições
Cozinhar nas bocas de trás do fogão e com os cabos das panelas virados para trás
Evitar carregar as crianças no colo enquanto mexe panelas no fogão ou manipula líquidos muito quentes
Quando estiver tomando ou segurando líquidos quentes, fique longe das crianças
Nada de toalhas de mesa compridas ou jogos americanos. As mãozinhas curiosas podem puxá-las, causando queimadura
No banho, colocar a água fria primeiro e verificar a temperatura da banheira com o cotovelo ou com a mão
Não deixe as crianças brincarem por perto quando você estiver passando roupa nem deixe o ferro elétrico ligado sem vigilância. Cuidado com os fios dos outros eletrodomésticos. Se possível, mantenha-os no alto
Fogos de artifícios devem ser manipulados por profissionais e nunca por crianças. Nas festas juninas não permita brincadeiras com balões ou de saltar fogueira
FONTE: ONG CRIANÇA SEGURA - http://diariodonord este.globo. com/materia. asp?codigo= 647687
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