O Centro de Queimados do Hospital Universitário de Londrina, que juntamente com o de Curitiba são os únicos do Paraná, existe há quase dois anos. Ele é composto por 16 leitos, com 6 deles destinados para a UTI, e possui um quadro de 82 funcionários, entre enfermeiros, cirurgiões plásticos, anestesistas, fisioterapeutas e os encarregados de higiene e limpeza ” sem mencionar os que não são exclusivos dessa ala, como os psicólogos, assistentes sociais e farmacêuticos ” como explica a chefe de enfermagem Elza Anami, graduada em Enfermagem pela Universidade Estadual de Londrina e mestra em Ciências da Saúde também pela UEL. Ela conta sobre a atividade realizada no “Dia do Queimado” no calçadão de Londrina. O objetivo do evento era alertar sobre as maiores causas de queimaduras e como se proteger delas. Também foram distribuídas 1.200 cartilhas com informações de prevenção para os pedestres.
“O queimado é especial. No primeiro momento, a vítima quer sobreviver. Vencida essa etapa, ele se volta para sua aparência e a possibilidade de nunca se recuperar totalmente. As seqüelas físicas e emocionais requerem acompanhamento específico”, diz Anami. Ela explica porque todos esses cuidados são tão importantes. “Em decorrência da destruição dos tecidos e vasos sanguíneos, os pacientes são extremamente sujeitos a infecções, o que resulta, muitas vezes, na necessidade de isolá-los para o tratamento.” Para ela, as campanhas de prevenção devem ser freqüentes. “O H. U. disponibiliza um graduado, para qualquer escola ou entidade que entre em contato, que realiza palestras para as crianças sobre como evitar esses acidentes. É sabido que os cuidados certos contribuem com a diminuição das estatísticas.”
“Embora haja dificuldade em precisar a quantidade de ocorrências no país, foi comprovado pela Sociedade Brasileira de Queimaduras que, durante os seis meses em que foi tornada ilegal a venda de álcool líquido, ocorreu uma redução de 40% nos acidentes. Portanto, uma medida de cautela é não tê-lo em casa. Assim como usar roupas de proteção na hora de manipular produtos químicos.”, completa. “De fato, a maior causa das entradas na ala são queimaduras decorrentes do álcool líquido ” outros motivos são acidentes elétricos, com fritura, no trabalho ” tanto que esse foi o principal aviso na atividade no calçadão.” Elza Anami ressalta: “Temos o dever de alertar sobre o perigo no ambiente doméstico”. Para a chefe de enfermagem, o aviso foi bem recebido, inclusive, pelas crianças que, por serem mais espontâneas, acabam contando suas histórias de queimaduras e chamam a atenção dos pais.
Ela classificou a atividade como muito importante, principalmente por causa da estação atual. “No inverno, manipula-se muitos líquidos quentes, e isso pode causar acidentes”. Elza também explicou que, diferentemente de outros centros, em Londrina a maior parte dos pacientes não são crianças, e sim jovens adultos do sexo masculino. No ano passado, elas respondiam por 30% das internações. “Apesar da baixa incidência na região do Paraná, pais e mães ainda detêm papel fundamental na prevenção de acidentes com crianças. O fogo exerce um fascínio muito grande na criança, e ela vai procurá-lo.” alerta Elza Anami. “O acesso ao fogo pode e deve ser dificultado.” Ela lembra que existem três tipos clássicos de queimadura. “Vermelhidão na pele é o primeiro grau. Quando ocorrem bolhas ” que não devem ser rompidas ” a queimadura é de segundo grau. Ela pode ser tratada com uma diversidade de curativos e pomadas disponíveis no mercado”. Elza Anami ressalta que a queimadura de terceiro grau, é a mais grave, atingindo ossos e músculos. Nesse caso, enxertos ” a aplicação de pele saudável na área danificada ” é a única solução. Outro efeito desse tipo de queimadura é a reação corporal. Para combater a agressão, o corpo produz intensamente antiinflamatórios, o que causa desequilíbrio no seu funcionamento. “A fim de melhorar esse quadro, a atenção com a alimentação do paciente é fundamental.”, declara Elza Anami.
De acordo com a chefe de enfermagem do HU Elza Anami, também é importante a urgência no socorro a vítima. “As 24 horas seguintes ao acidente são chamadas “horas de ouro”, pois, se nesse período não receber um tratamento adequado e repor o oxigênio e os líquidos perdidos, principalmente a água, não resistirá.” Ela recomenda que, em caso de queimadura, lavar com água em temperatura ambiente, afastar-se da fonte de calor e, se necessário, ir ao hospital sem demora.
Fonte: Edição: Kauana Neves
Um comentário:
Ao contrário do que diz o texto, não há dificuldades em precisar a quantidade de ocorrências no país. O DATASUS disponibiliza todas as informações necessárias, de forma ampla e detalhada.
O problema é que as verdadeiras estatísticas desmentem as afirmações da SBQ, por isso não interessam. Afinal, se o problema não tiver a gravidade apregoada não vai dar IBOPE, não vai dar mídia, e ninguém vai prestar atenção.
Quem vai ligar para queimaduras se souberem que picada de cobra faz mais vítimas? Se tiver dúvidas, consulte o DATASUS, você vai surpreender-se com a qualidade estatística do trabalho.
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