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domingo, 10 de fevereiro de 2008

Estudo elaborado pela Unifesp mostra que motoristas alcoolizados insistem em dirigir seus carros

Há quase três anos, numa madrugada de maio de 2005, as estatísticas atingiram o maratonista Ricardo José Ruck. Ele estava parado com seu Vectra no sinal, havia acabado de comprar um jornal na banca do Largo de Moema, na Zona Sul de São Paulo, quando uma Mercedes a 120 quilômetros por hora acertou em cheio a lateral do carro. O outro motorista parecia “visivelmente alcoolizado”, como consta no boletim de ocorrência. Mas nunca foi detido ou multado.

Ruck, que agora depende de uma cadeira de rodas, teve de abandonar os 40 quilômetros que corria por semana, a academia de futebol de que era sócio e as aulas de personal trainer que dava para uma dezena de alunos. “Tudo trocado por uma aposentadoria por invalidez no valor de um salário mínimo”, contou.

Segundo uma pesquisa divulgada ontem pela Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas - Uniad, da Universidade Federal de São Paulo - Unifesp, o acidente com Ruck não foi uma fatalidade, mas sim uma inconseqüência que se repete toda noite pelas ruas das grandes metrópoles. Dos 4.661 motoristas abordados e convidados a usar o bafômetro, 19,3% estavam com níveis de álcool no sangue acima do permitido por lei.

Desses, 84% afirmaram que não voltam para casa de outra forma que não dirigindo o próprio carro - entre os motoristas que abusaram da bebida, 48% confessaram já ter se envolvido em algum acidente de trânsito, ante 18% daqueles que não haviam bebido uma gota de álcool.

A pesquisa da Uniad foi realizada entre 2005 e 2007 nas cidades de São Paulo, Diadema, Santos, Vitória e Belo Horizonte. “Os índices foram praticamente iguais nesses municípios”, disse Sérgio Duailibi, médico da Uniad e um dos coordenadores do estudo. “Se formos comparar com os motoristas de Estados Unidos e Europa, os brasileiros bebem cinco vezes mais”.

Cerca de 95% dos que foram pegos no bafômetro afirmaram não conhecer o limite de consumo de álcool imposto pelo Código de Trânsito Brasileiro. A lei estabelece que o motorista não pode estar com nível igual ou superior a 0,06 grama por decilitro de álcool no sangue - ou duas latas de cerveja. “As bebidas alcoólicas podem reduzir os reflexos entre 10% e 30%”, afirmou Duailibi. “Para evitar os acidentes, é preciso aumentar a educação e, principalmente, a fiscalização nas ruas”.


OBID Fonte: TRIBUNA DA IMPRENSA-RJ

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