O que não faltam são motivos para abandonar o vício. Mesmo assim, cerca de 18% da população brasileira com mais de 15 anos é fumante. E Minas Gerais, entre sete estados, aparece no topo em pesquisa, com mais de 7,5 mil internautas do Brasil que navegaram pelo site “Eu Quero Parar”. Uma hora após acordar, mais de 85% dos fumantes mineiros já acenderam o primeiro cigarro do dia.
Mais inesperado foi o fato de que 74% dos fumantes mineiros mantêm o hábito, mesmo doentes. Segundo a pesquisa, 97% dos fumantes querem parar, sendo que 83% tentarão no futuro, e sete entre dez fumantes já tentaram parar, pelo menos mais de uma vez. Por que não deu certo? Isto acontece por conta de dependência e desconhecimento de dicas simples que ajudam a mudar o hábito.
Para a pneumologista Maria Helena Castro e Silva, que atende no Programa Anti-tabagismo do Ambulatório Maria da Glória - UFTM, os componentes do cigarro podem ser divididos em dois: o alcatrão e a nicotina.
“A nicotina é a responsável pelo vício. E quando falamos de dependência, não é só uma dependência química, física ou psicológica, a dependência engloba tudo, pois ela produz a vontade de querer cada vez mais e a abstinência. Quando não está sendo usada, qualquer droga que cause isso promove dependência”, explica.
Já os derivados do alcatrão são lesivos, provocando as doenças. “No pulmão é o enfisema, uma doença que limita a qualidade de vida, gerando incapacidade física e o câncer, que é o que mais mata no mundo, além do câncer na laringe, na bexiga e no estômago, e doenças cardiovasculares, como infarto e AVC, que estão relacionados ao cigarro”, destaca. E ao contrário do que se pensa, com relação ao enfisema pulmonar, um cigarro de palha corresponde a quatro cigarros de papel.
Algumas pessoas têm mais facilidade de criar a dependência. “Isso tem a ver com o
número de cigarros por dia e também com uma predisposição. Estudos têm indicado que existe um gene que propicia a dependência. E a pessoa que tem esse gene nunca deveria começar a fumar, porque ela terá mais dificuldade em largar”, informa.
Outro grave problema é o fumante passivo. Esforços em todo o país tentam criar mecanismos para impedir que as pessoas sofram os efeitos do cigarro, mesmo sem fumar. Leis antitabagistas ainda causam polêmicas, mas hoje há maior rigor em locais públicos e fechados, onde o fumo é proibido ou restrito. Segundo a Organização Mundial de Saúde o tabagismo passivo é a terceira maior causa de morte evitável. “E quem sofre mais com o tabagismo passivo são as crianças. O número de infecções respiratórias e alergias, como a asma em filhos de pais fumantes é muito maior do que em ambientes livres de cigarros. Em gestantes que fumam, a chance de a criança nascer com problemas é real. Basta um cigarro”, afirma a pneumologista.
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