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domingo, 24 de fevereiro de 2008

Aquecimento global vai causar falta de água

O aquecimento do planeta vai causar escassez de água nas próximas décadas em alguns territórios, por afetar o fornecimento a partir dos glaciares e reservas de neve, indica um estudo hoje publicado pela revista Nature.

Esse aquecimento, provocado pela emissão de gases com efeito de estufa - sobretudo pelos países ricos -, irá alterar o ritmo natural do degelo e antecipar a queda de chuvas, com efeitos na capacidade das represas e no abastecimento em determinadas épocas do ano, afirmam os autores do estudo.

A ameaça é «clara» em certas partes do mundo, segundo os cientistas, que apontam como zonas de maior risco a bacia do Reno, cujo caudal seria afetado, e zonas da China, Canadá e Peru, onde os glaciares sofreram uma redução de 25% nas últimas três décadas.

O estudo, elaborado por peritos do Instituto de Oceanografia Scripps da Universidade da Califórnia e da Universidade de Washington, analisa as possíveis mudanças nos níveis da água e os seus efeitos nos continentes.

Os cientistas concluíram que o efeito de estufa terá «conseqüências significativas» nas regiões mais dependentes do gelo e da neve, e perturbará eventualmente o abastecimento de água.

«Se a camada de neve se derreter mais cedo, e se os países não tiverem a capacidade de reter toda a água, haverá falta de água no Verão», explica Tim Barnett, do Instituto Scripps.

A neve irá acumular-se menos no Inverno e irá fundir-se menos na Primavera, o que obrigará a rever as infra-estruturas de reserva de água, já que as represas não poderão conter o ciclo anual de neve e chuva.

«Ao mudar o ciclo natural dos rios, o maior caudal ocorrerá na primavera e será difícil mantê-lo até ao Verão», sublinha Barnett.

A mudança no ciclo fluvial e marítimo afetaria o transporte marítimo, a proteção contra inundações, à produção de energia hidroelétrica e o turismo, advertem os peritos.

Outro estudo publicado na Nature afirma que os países ricos, principais emissores de gases nocivos, deveriam assumir a responsabilidade das tarefas de prevenção e ajudar os países pobres, sobretudo os africanos, que serão muito afetados pelas alterações que sofrerá o vírus da malária.

Nature/Diário Digital / Lusa


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