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sexta-feira, 11 de maio de 2007

1/3 dos acidentes de trabalho fere punho, palma e dedos.

A mão é um dos principais instrumentos de trabalho do profissional. Perdê-la significa não só um grande trauma físico e psicológico como o fim inesperado da força de trabalho do empregado.
Porém, apesar da relevância, mais de um terço (34,2%) de todos os acidentes ocupacionais notificados no Brasil atinge as mãos, segundo as últimas estatísticas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Quase 10% deles são considerados traumáticos.
Em 2004, 7.405 trabalhadores tiveram uma ou ambas as mãos amputadas; outros 2.378 sofreram lesão por esmagamento. Naquele ano, os acidentes mais comuns foram os ferimentos do punho e da mão (14%), as fraturas (7%) e os traumatismos (5,2%).
"Os acidentes de trabalho envolvendo as mãos têm chamado a atenção pelos índices elevados. Nos dados oficiais, eles envolvem desde os traumáticos até aqueles denominados ferimentos menores e doenças ocupacionais", aponta Maria Helena Palucci Marziale, professora da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo.
Tanto na área urbana como na rural, são as máquinas e os equipamentos obsoletos e inseguros que levam à mutilação das mãos. Segundo o Plano Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador, esses instrumentos são responsáveis por cerca de 25% dos acidentes de trabalho graves e incapacitantes registrados no país.
Por isso, uma norma regulamentadora do Ministério do Trabalho impede, a partir deste mês, a fabricação de qualquer maquinário para trabalhadores de regiões não urbanas sem proteção.
"Na área rural, há máquinas picadoras de produtos vegetais que não apresentam nenhum resguardo. Na Bahia, por exemplo, há 3.000 trabalhadores mutilados vítimas do processo de produção do sisal", diz a pesquisadora Rosa Yamashita, da Fundacentro (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Medicina e Segurança do Trabalho), entidade ligada ao Ministério do Trabalho e Emprego.
"É preciso considerar ainda que o registro dos casos depende da qualidade da assistência médica que a população recebe em caso de acidente", assinala Francisco Pedra, pesquisador da Ensp/Fiocruz (Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca). E completa: "Muitos diagnósticos não conseguem relacionar a causa do acidente com o ambiente de trabalho. Além disso, só os segurados entram nas estatísticas".
Para o pesquisador, o fato de a empresa ser obrigada a remunerar o trabalhador vítima de acidente nos 15 primeiros dias --o restante dos dias fica a cargo do INSS- é um dos fatores que levam à baixa notificação de casos.
Fonte: Folha de S.Paulo

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